Visualize a embalagem de um perfume premium: linhas de corte exatas, vincos nítidos que permitem montar a caixa sem rasgos, abas perfeitamente alinhadas para receber cola automática.
Ou pense em um convite de casamento com formato vazado em arabescos, acompanhado por um relevo delicado que faz o papel “estufar” apenas no desenho. Todas essas peças – do rótulo sleeve que abraça uma garrafa PET até o display de papelão que sustenta cosméticos no ponto de venda – passam por uma etapa essencial chamada corte e vinco.
Dentro da indústria gráfica e de embalagens, o processo é considerado o “acabamento de precisão”. Ele transforma folhas impressas em formatos funcionais, criando abas, dobras, janelas, relevos e até microperfurações para tear tape.
Sem ele, não haveria caixas de medicamentos com abertura controlada, nem pastas sanfonadas, nem calendários de mesa que se montam com um único encaixe.
Neste texto você descobrirá o que é corte a vinco, em que produtos ele se aplica, como é composta uma faca, a diferença entre dobra e vinco, as atribuições do operador e muito mais.
Ao final, mostraremos como a Mapel Soluções Tecnológicas ajuda gráficas e convertedores a implantar ou modernizar o setor, fornecendo máquinas, facas, software de imposição e treinamento de operadores.
O que é Corte e Vinco?
O termo “corte a vinco” designa a operação que utiliza uma faca especial, normalmente um conjunto de lâminas de aço preso a uma base de madeira ou resina, para, em um mesmo batimento, cortar totalmente determinadas áreas da folha, vincar outras (ou seja, criar canais de dobragem sem romper o papel) e, se necessário, aplicar relevo ou meio-corte para etiquetas adesivas. Trata-se, portanto, de um processo híbrido: parte facão de corte, parte prensa de dobragem.
Nas gráficas de pequeno e médio porte, as máquinas mais comuns são planas (platen) ou cilíndricas.
Na primeira, lembra-se uma guilhotina: a faca fica presa na chapa superior e desce sobre a contra-placa. Na segunda, uma meia-cilindro gira pressionando a folha contra o estampo.
Para tiragens altíssimas – embalagens de alimentos ou bebidas – emprega-se corte-vinco rotativo em linhas flexográficas ou em corrugadoras, em que a faca curva gira sem parar, acompanhando a bobina de papel cartão.
Quais as aplicações mais comuns
A versatilidade do corte e vinco se revela assim que observamos o dia a dia de qualquer consumidor.
Logo pela manhã, a caixa de cereal que se abre sem rasgar graças a duas linhas de vinco paralelas e a aba reentrante cortada em meia-lua é um produto típico do processo.
No banheiro, o cartucho de perfume exibe um corte especial em V que trava a tampa e preserva o frasco; sem a faca, essa geometria seria impossível de produzir em escala.
Já no escritório, pastas de apresentação com bolsos internos — recortados em curva suave — e convites corporativos com cantos arredondados dependem da mesma tecnologia para combinar estética e praticidade.
No setor farmacêutico, a exigência de segurança acrescenta uma camada funcional. Caixas de medicamentos trazem “travas invioláveis” obtidas com cortes semicirculares que só se rompem na primeira abertura.
No interior dessas embalagens, a bula dobrada em zigue-zague comporta até doze dobras precisas alinhadas por vincos milimétricos; sem eles, o papel de apenas 40 g/m² se rasgaria na montagem.
A alimentação fora do lar, por sua vez, adotou copos de papel e porta-copos em beerboard: suas “orelhas” de encaixe e bases perfeitamente circulares saem de facas rotativas que cortam e vincam centenas de metros por minuto.
Displays de PDV, feitos em papelão micro-ondulado, exigem canaletas de vinco profundas que permitem montar um expositor tridimensional sem cola adicional.
Mesmo produtos de alto valor agregado, como convites de casamento com recortes vazados em arabescos ou agendas com capa dura e canto arredondado, dependem do corte e vinco para entregar acabamento premium.
Nas gráficas rápidas que produzem folders trípticos, o vinco evita que a dobra cause “quebra” da tinta UV, aquela marca branca indesejada que surge quando a fibra é forçada sem preparação. E em logística, envelopes especiais para documentos sigilosos trazem janelas e linguetas obtidas pela faca, garantindo fechamento seguro e abertura facilitada.
Em resumo, sempre que um impresso precisar sair do formato retangular padrão ou receber dobras perfeitamente alinhadas, o corte e vinco será o processo eleito — unindo precisão, velocidade e, sobretudo, capacidade de agregar funcionalidade e valor estético em uma única etapa de produção.
Componentes de uma Faca de Corte e Vinco
A peça central do processo é a faca de corte e vinco. Tradicionalmente construída sobre chapa de compensado de 18 mm, cortada a laser, ela recebe filetes de aço com duas funções distintas.
A lâmina de corte tem gume afiado e altura em torno de 23,6 mm; sua missão é seccionar completamente o papel ou cartão. Já a lâmina de vinco, ligeiramente mais baixa (22,6 mm) e sem gume, comprime o substrato contra canaletas de pertinax ou papelão prensado, formando uma linha de esmagamento que facilita a dobra posterior.
Em volta dessas lâminas colam-se ejetores de borracha, que expulsam a folha na abertura da prensa e evitam que o papel fique grudado na faca.
Materiais premium incluem base de resina fenólica – estável a umidade – e aço templado de alto carbono, com dureza 48–50 HRC, que prolonga a vida útil em tiragens de milhões de batidas. Mesmo assim, a faca sofre desgaste; quando o corte começa a “pelar” fibras ou o vinco amassa mais de um terço da espessura do cartão, é hora de afiar ou substituir.
Além da faca principal, existem canaletas macho e fêmea (contra-faca) que asseguram pressão uniforme sem esmagar demais o substrato. Ajustar as alturas – calçando com papel cartão milimétrico ou fitas PET – é tarefa crítica do operador: pressão insuficiente deixa o corte pendurado (“dente de rato”); pressão excessiva trinca a fibra.
Diferença entre Dobra, Vinco e Relevo
Dobra é a flexão mecânica do substrato, realizada na pasta-dobra ou manualmente. Vinco é a preparação da fibra para que a dobra aconteça sem rachaduras de tinta ou papel. Já relevo (alto ou baixo) é a deformação permanente do papel em sentido vertical, obtida com macho e matriz metálica.
Imagine um folder tríptico 210 × 297 mm: para dobrar as abas internas sem lascar o “verniz total alta-brilho”, o designer prevê dois vincos paralelos, geralmente em 99 e 198 mm.
O operador posiciona canaletas de 1 mm de largura, adequadas ao offset 150 g/m²; a lâmina de vinco esmaga cerca de 50 % da espessura do papel. Na pasta-dobra, a folha dobra exatamente sobre a cicatriz, sem quebrar.
No relevo, o objetivo não é dobrar, mas criar um efeito tátil: o logotipo do convite salta 0,3 mm acima do nível ou, no braile, pontos medem 0,5 mm. A faca de relevo usa matriz em latão usinado, não a lâmina de aço típica do vinco.
O que um Operador de Corte e Vinco Faz?
O operador recebe a faca montada, a ordem de serviço e as resmas ou paletes impressos. Ele confere o plano de imposição, alinha a lâmina com as marcas-registro, fixa a faca na prensa e regula pressão, velocidade e tucho.
Em seguida, alimenta as folhas, inicialmente em modo simples, ajustando até que todos os cortes se separem limpos e todos os vincos atinjam profundidade uniforme. Durante a tiragem ele monitora rebarbas, esquadro, estouro de vinco, e ajusta esporas de ar ou tapetes para evitar marcação.
A cada milheiro ele confere com gabarito se o corte e as dobras se encaixam. Também mantém registros de produção, limpa a máquina, lubrifica mancais e troca fita dupla-face da faca. Se detecta desvio, para a linha e chama o ferramenteiro para retificar.
Qual é o salário de um operador de corte e vinco?
No Brasil, o piso varia conforme a convenção gráfica estadual. Em 2025, médias apontam entre R$ 2.300,00 e R$ 3.400,00 para operadores iniciantes em máquinas planas manuais; profissionais que dominam equipamentos automáticos com separador de refile chegam a R$ 5.000,00, e supervisores de celas rotativas ultrapassam R$ 7.000,00, especialmente nas regiões Sul e Sudeste.
Fatores que elevam remuneração incluem habilidade em preparar facas, conhecimento de manutenção básica e experiência em QC normatizado (ISO 9001, BPF farmacêutica).
Certificações e cursos recomendados
O caminho para tornar-se operador de corte e vinco passa, quase sempre, por formação técnica específica.
SENAI Gráfico
A referência nacional continua sendo o SENAI Gráfico, que oferece um programa de 160 horas dividido em três módulos.
No primeiro, o aluno aprende a interpretar desenho técnico, escala e imposição — conhecimento crucial para posicionar a faca e evitar desperdício de papel. No segundo módulo, mergulha na montagem de facas: corte a laser da madeira, inserção de filetes de aço, aplicação de ejetores de borracha e ajuste de canaletas de pertinax.
O terceiro módulo cobre NR-12, normas elétricas e rotinas de bloqueio-etiquetagem, preparando o futuro operador para lidar com máquinas planas automáticas e cilíndricas.
Associação Brasileira de Tecnologia Gráfica (ABTG)
Além do SENAI, a Associação Brasileira de Tecnologia Gráfica (ABTG) realiza workshops avançados voltados a profissionais que desejam refinar habilidades de ajuste de pressão, planeza da contra-placa e calibração de sistemas laser de corte digital.
Os cursos incluem demonstrações práticas em mesas CNC que produzem facas com vinco oscilante — tendência para tiragens curtas e protótipos.
Centro Paula Souza
No Estado de São Paulo, o Centro Paula Souza (ETECs e FATECs) mantém programas de curta duração — entre 40 e 60 horas — concentrados em segurança de máquinas cilíndricas, leitura de manuais em inglês técnico e noções básicas de manutenção. Quem conclui recebe certificado reconhecido pela indústria gráfica paulista, um diferencial em processos seletivos.
FSEA Die-Cutting & Embossing Technician
Profissionais que almejam cargos de liderança podem buscar a certificação internacional FSEA Die-Cutting & Embossing Technician, que avalia domínio de tolerâncias, produtividade OEE e solução de defeitos como “dente de rato” e vinco rachado.
Exigências de saúde e segurança
A operação de corte e vinco alterna trabalho de precisão — alimentar folha a folha, posicionar marca de registro com tolerância inferior a 0,2 mm — e tarefas de esforço, como erguer pilhas de papel que facilmente chegam a 15 kg. Por isso, ergonomia e EPI andam lado a lado.
A NR-12 exige protetor auricular sempre que o nível de ruído ultrapassa 85 dB, algo comum em máquinas cilíndricas antigas.
Os óculos de segurança protegem contra estilhaços de madeira ou lâmina caso uma faca se solte, enquanto luvas antiderrapantes evitam cortes na manipulação de filetes de aço. O calçado com biqueira metálica protege pés quando paletes de papel ou bases de faca são movimentados.
A ergonomia recomenda bancadas ajustáveis à altura do operador e rampas de alimentação para que a folha deslize sem exigir postura curvada. O ritmo deve incluir micro-pausas regulares — cinco minutos a cada cinquenta — para reduzir o risco de Lesões por Esforço Repetitivo.
Para movimentar paletes, a empilhadeira ou transpaleteira elétrica é indispensável; empurrar 500 kg de papel manualmente multiplica as chances de lombalgia. Por fim, toda intervenção na faca requer travamento elétrico e mecânico (LOTO) para que ninguém acione a prensa inadvertidamente durante a limpeza ou troca de canaleta.
Empresas que seguem essas diretrizes não apenas cumprem a legislação, mas observam queda nos afastamentos por dor lombar e tendinite, além de registrar aumento de produtividade, já que operadores bem treinados e protegidos trabalham com foco, confiança e menor fadiga.
Segurança e normas NR-12 em máquinas cilíndricas ou planas
A NR-12 é hoje o principal marco regulatório que disciplina a segurança em máquinas gráficas no Brasil. Ela parte do princípio da eliminação do risco na fonte: todas as partes móveis capazes de provocar esmagamento, cisalhamento ou corte devem ficar enclausuradas por proteções fixas ou móveis equipadas com intertravamento.
Nas máquinas planas antigas, conhecidas nas gráficas como batedoras, o perigo clássico reside na alimentação manual: o operador avança a folha diretamente sobre o platô inferior enquanto a platina superior sobe e desce.
Se a mão permanecer um décimo de segundo a mais, o impacto pode causar amputação. O retrofit exigido pela NR-12 adiciona uma cortina óptica; qualquer interrupção do feixe bloqueia o ciclo imediatamente.
Para evitar a burla, a cortina precisa ser Categoria 4 (redundância e autodiagnóstico) e instalada de modo que o tempo de parada da prensa seja menor do que a distância entre o feixe e o ponto de esmagamento.
Nas cilíndricas, o risco é diferente: a folha é levada por um cilindro semi-rotativo cuja inércia é alta. Se ocorrer encravamento da faca, a chapa de base pode fraturar e projetar estilhaços.
Por isso, além do encabeçamento mecânico, a NR-12 exige freio-embreagem eletromagnético redundante que pare o cilindro em menos de um quarto de volta, bem como botões de emergência acessíveis em ambos os lados da máquina.
A colocação do botão não é arbitrária; deve obedecer análise de risco que leva em conta a posição do operador durante a alimentação e retirada das folhas.
A adequação não se limita a hardware. A norma também obriga a instalar CLP de segurança (categoria III ou IV) com relés dedicados; definir procedimento de travamento-etiquetagem (LOTO) para limpeza e troca de faca; emitir relatório de análise de risco; e treinar operadores em reconhecimento de zonas perigosas.
É aqui que a Mapel atua: o time de engenharia realiza o diagnóstico, dimensiona cortinas de luz, seleciona freios SEW ou Lenze compatíveis, substitui painéis obsoletos por IHM com reset bimanual e fornece toda a documentação técnica exigida pelo Ministério do Trabalho.
Ao finalizar o retrofit, a impressora recebe ensaio de parada, checklist de validação e placa de conformidade.
Dobra e vinco: o conceito “7 dobras”
A expressão “sete dobras” surgiu nas oficinas como forma de explicar quantas flexões sucessivas o papel suporta antes de esfarelar ou perder registro.
Um folheto que exige mais de sete dobras em linha reta, no mesmo ponto, tende a rasgar, especialmente em gramaturas inferiores a 120 g. Em layout, cada vinco adicional aumenta a espessura acumulada; após a sétima dobra, a pilha lateral (lombada) cria degrau considerável.
Por isso, embalagens farmacêuticas com bulas internas usam papel de 40 g e máquina de dobra farmacêutica que executa até 12 dobras em zigue-zague, mas com lâminas de vinco ultrafinas. O conceito alerta designers a equilibrar estética e limite físico da fibra.
Como Evitar Falhas de Corte e Vinco Quebrado
Falhas típicas incluem “dente de rato” (pequenas pontas que não separam), vinco rachado (trinca da tinta), “orelha” nos cantos e marcação de rolo.
Para preveni-las, escolha papel com fibra paralela à linha de vinco principal, ajuste canaleta à espessura (regra 1/6: largura da canaleta ≈ seis vezes a espessura do cartão) e calibre a pressão ao ponto de romper fibra só até dois terços.
Lâminas cegas provocam rebarba; basta trocar filete ou afiar. Em cartão duplex, a laminação fosca aumenta a rigidez; compense subindo 0,3 mm na altura de vinco.
Instalar câmera de inspeção 100 % na saída detecta imediatamente cortes incompletos e deslocamento de registro em menos de 0,1 mm. O software dispara alarme e marca a folha defeituosa, economizando retrabalho.
Como a Mapel Ajuda na Implantação ou Upgrade de Corte e Vinco
A Mapel atua em três frentes. Primeiro, fornece máquinas: planas automáticas com separador de refiles, rotativas para papelão micro-ondulado de até 9.000 folhas/h e sistemas laser digital para tiragens curtas e personalização.
Segundo, oferecendo consultoria sobre escolha de filete, borracha e canaleta para cada substrato.
Terceiro, oferece serviços: estudo de layout fabril, cálculo de ROI para upgrade, treinamento operacional, planos de manutenção preventiva e adequação NR-12.
Conclusão
Dominar o processo de corte e vinco é pré-requisito para qualquer gráfica ou convertedor que deseje produzir embalagens, peças promocionais e impressos de alta qualidade.
Conhecer os componentes da faca, diferenciar dobra de vinco, aplicar normas de segurança NR-12, treinar operadores e seguir boas práticas de ajuste evita perdas, retrabalho e acidentes.
Ao mesmo tempo, investir em máquinas modernas, inspeção eletrônica e facas de precisão amplia a margem de lucro e a capacidade de atender a tiragens curtas ou personalizadas – tendência crescente impulsionada pelo e-commerce.
A Mapel está pronta para ajudar sua empresa em todas as fases desse caminho, do desenho de linha de produção à entrega do primeiro lote sem rebarbas. Solicite uma avaliação gratuita e descubra como transformar o setor de acabamento em vantagem competitiva duradoura.

Lucas Pimenta, gerente comercial e de produtos da Mapel Soluções, atua na empresa há quase 10 anos. Formado em Administração pela PUC-MG, é especialista em análise de mercado e produtos, com experiência em parcerias e negociações de âmbito nacional e internacional, focado na expansão estratégica do Grupo Mapel.